sábado, 27 de outubro de 2012

Friedenreich - O Rei do futebol antes de Pelé




A possibilidade de o argentino Messi superar este ano uma das marcas de Pelé gerou
recentemente uma acalorada discussão entre comentaristas do programa Redação SporTV

Não é de agora que o mito Pelé está em xeque. A cada novo superastro que surge no cenário internacional, a primazia do brasileiro é colocada em dúvida. Foi assim com Cruyff, Beckenbauer, Zidane, entre muitos outros, inclusive brasileiros, como Zico, Romário, Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho, mas principalmente com o surgimento de outro gênio argentino, Diego Maradona
Diante da excelência de Messi em todos os quesitos, os defensores de Pelé se vêem obrigados a apelar aos números, como fez o comentarista Toninho Nascimento, editor do jornal O Globo: “Pelé ganhou três Copas do Mundo. E Messi? O dia que ele ganhar uma Copa eu penso em comparar!"

Além das Copas conquistadas e da precocidade, a marca em gols costuma ser o grande argumento dos fãs de Pelé. Seus 1281 gols garantem o título de maior artilheiro da história do futebol.

Os mais antigos, no entanto, dizem que houve um Pelé antes do próprio, superando-o no mínimo em gols. De fato, Arthur Friedenreich marcou 1329 gols e, muito antes, foi aclamado "rei do futebol". Há quem conteste os números para mais ou para menos, mas é unânime a opinião de que foi o primeiro "rei"

Mulato de olhos azuis, filho de um judeu-alemão com uma negra brasileira, Friedenreich fez história nas primeiras décadas do século passado. Foi dele o gol que deu o título sul-americano de 1919 ao Brasil. Era a grande esperança do país na primeira Copa do Mundo, em 1930, frustrada por uma confusão entre dirigentes paulistas e cariocas que o impediu de participar.

Artilheiro do campeonato paulista por oito vezes, "Fried" também brilhou no Rio de Janeiro jogando pelo Flamengo. Em 1925 participou, pelo Paulistano, da primeira exibição de um time brasileiro no exterior, voltando com a marca de nove vitórias em dez jogos, incluindo a goleada de 7x2 sobre a França, com 3 gols dele!

Destemido e honrado, engajou-se na Revolução Constitucionalista de 1932, doando troféus, medalhas e prêmios à causa.

Friedenreich também era contra a profissionalização do futebol por achar que desvirtuaria o esporte e, quando esta ocorreu, recusou oferta do Flamengo para permanecer jogando. Morreu pobre e, no "país do futebol", continua um desconhecido para a maior parte da população

 Resta ainda a polêmica de onde teria nascido Friedenreich. Se em São Paulo ou em Santa Catarina!

                                         Leonidas, Friedenreich e Pelé

Enquanto isso, Matthias Sindelar, um outro "Pelé" judeu, também de origem humilde e de igual destemor, maravilhava os europeus e desafiava Hitler. Mas essa é outra história...

 Texto de Moisés Arruda

2 comentários:

  1. Legal a matéria, Moisés. Achei interessante a luta dele sobre a continuidade do amadorismo. Pelo visto isso era algo que muitos times e pessoas buscavam antigamente. O time inglês que originou o Corinthians era outro que foi até as última consequências contra a profissionalização. Vale a pena dar uma lida no texto: http://www.infoescola.com/curiosidades/corinthian-football-club/

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  2. Muito bem escrito e descrito. Parabéns ao Moisés Arruda!

    Interessante saber que os parentes do "Fried" achavam que Pelé não podia se comparar a este!

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